Número de aposentados empreendedores cresce mais de 50% no Brasil

Empreendedorismo na faixa dos 50 aos 59 teve um crescimento de 57% no último ano de acordo com o IBGE

Aposentados

O número de empreendedores aposentados tem aumentado significativamente no Brasil, segundo estudos do Instituto de Geografia e Estatística (IBGE). Conforme o órgão, o empreendedorismo na faixa dos 50 aos 59 teve um crescimento de 57%. Um dos fatores que ajuda a aumentar esse número, é a procura por mão de obra jovem no atual mercado de trabalho.

Para a especialista em gestão estratégica e aplicação de PPA (Plano de Preparação para Aposentadoria) Helena Ribeiro, da Razão Humana Consultoria, as experiências adquiridas, estabilidade econômica e expectativa de vida crescente são pontos primordiais para o crescimento desse número.

“Com a expectativa de vida cada vez mais longa, uma pessoa aos 60 anos pode estar em uma ótima fase para “virar a chave” e empreender no mínimo mais uns 15 anos. Principalmente se a pessoa tiver muitas experiências de vida, ter exercidos várias funções, trabalhado em diversas empresas, gerenciado equipes, saúde, entre tantos outros conhecimentos que ela vai precisar para ser empreendedor”, explica Helena.

A especialista ainda afirma que além de toda a experiência adquirida, é preciso desenvolver um bom projeto de viabilidade de negócio, principalmente, nessa fase da vida. “É claro, que incluiu um planejamento estratégico de curto, médio e longo prazo. Afinal, se errar nesta fase da vida o preço a pagar será muito alto, pois estará investindo suas reservas ou parte dela para empreender”.

Em sua maioria, esses empreendedores trabalharam toda a vida em um método ultrapassado de gestão de negócios. Em muitos casos, a padronização do trabalho impedia a utilização de novas ideias. Após a aposentadoria, essas ideias são a base desses empreendedores, que agora conseguem ter a liberdade de trabalho.

“Fazendo a ”lição de casa” as vantagens serão diversas. Principalmente se conseguir colocar em prática tudo aquilo que acreditava ser o certo, mas que muitas vezes não podia fazer porque era colaborador e não conseguiu vender suas ideias. Porém, agora como empreendedor poderá arriscar e se tornar um empresário melhor para seus colaborares e para a sociedade”, completa Helena.

Experiência 

De acordo com uma pesquisa feita pelo MaturiJobs, plataforma que reúne oportunidades voltadas a profissionais maduros, a experiência profissional qualifica esses empreendedores a ajudar outras empresas. Sendo assim, um número grande de profissionais, principalmente os altos cargos, após a aposentadoria, se dedicam como consultores.

Na pesquisa, 20% dos 1.047 entrevistados são consultores autônomos. A pesquisa ainda aponta que 15% desses profissionais são empreendedores e 9% está em fase de planejamento.

“Sou engenheiro de formação e ao longo da minha carreira trabalhei em diversas empresas, universidades e centros de pesquisa na área de gestão de pessoas, processos e de inovação. Quando chegou o momento da aposentadoria, há 3 anos, eu percebi que poderia usar todos os meus conhecimentos e experiências para empreender. E fiz isso, abri uma consultoria e comecei a desenvolver e ministrar cursos, mentoria, proferir palestras, e principalmente, inovar em meus trabalhos.  Desenvolvi com profissionais de teatro um Show corporativo, que está sendo um sucesso. Inclusive, este espetáculo tornou-se um projeto cultural e com apoios das leis de incentivos e já podemos captar um milhão de reais. Um conselho que eu dou é a realização de parcerias estratégicas. Mesmo estando aposentado, continuo muito ativo, e ainda tenho muitos sonhos e objetivos a serem realizados”, conta o consultor e PhD. Marco Silveira, fundador da Gestão e Arte, em Campinas.

Dificuldades

Helena Ribeiro ainda aponta as principais cautelas que o empreendedor precisa ter. “Ser empreendedor nunca foi e nem será um mar de rosas. Aquela frase, “agora sou dono e posso tudo” é mentira. Suas responsabilidades aumentam, seu sono diminui, os riscos são reais, o mercado é cruel e você precisa estar muito preparado para empreender. Acredito que nesta fase da vida a maior dificuldade seja avaliar onde e como vou empreender? Afinal, qual é o seu cenário?”

  • Seu negócio será uma empresa já formada ou herdada da família?
  • Se herdada, você já esteve envolvido e acompanha o crescimento da empresa?
  • Vou abriu um negócio como meio de subsistência para suprir uma previdência privada que não teve. O que abrir?
  • Não conheço muito do ramo, mas vou abriu um negócio porque acredito que tenho perfil empreendedor e que dará certo.
  • Dentre tantos outros motivos que surgiram milhares de empreendedores de sucesso e insucesso.

Motivações 

“Um fator advém de executivos, entre outros profissionais, que participaram de um P.D.V (Programa de Demissão Voluntária), onde as empresas ofereceram um ótimo pacote de benefícios. Principalmente para aqueles que já estão aposentados, mas continuam trabalhando. Afinal, as empresas precisam oxigenar as equipes e para prepará-los, elas oferecem um Programa de PPA (Plano de Preparação para a Aposentadoria), que visa preparar os futuros aposentados para novas fases que virão.

Portanto, um P.D.V, mais a participação em um programa de PPA, muitas pessoas que não querem parar de trabalhar podem ver uma oportunidade para abrir um negócio sem impactar tanto em suas reservas”, enfatiza Helena.

“Em vários casos empreender é a realização de um sonho, algo que a pessoa gosta muito, mas que até aqui não foi possível realizar. Este negócio vai ocupar a mente, o corpo e a saúde mental por mais alguns anos. Afinal, agora ela vai fazer o que gosta e se fizer as lições para empreender, poderá ter muito sucesso” conclui Helena.