1 de julho de 2020 - Atualizado: 02 jul 2020 às 19:05
Enquanto as principais ligas de futebol da Europa já retornaram com suas atividades, já que os países respeitaram as medidas protetivas de lockdown contra a pandemia de coronavírus, o Brasil tenta seguir o mesmo caminho, porém, com a curva da pandemia ascendente e de forma completamente equivocada. O primeiro campeonato que voltou no país foi o Campeonato Carioca, com muitas polêmicas.
Temendo estarem em desvantagem em relação aos clubes cariocas, os demais clubes da Série A e B se reuniram com a CBF, que manifestou o desejo de começar o Brasileirão no dia 9 de Agosto, mesmo com apenas dois estaduais (o Campeonato Catarinense volta nesta semana) sendo realizados em Julho. O martelo ainda não foi batido, mas várias equipes que foram a favor da data, já voltaram atrás da sua decisão, querendo que o campeonato nacional comece a partir do dia 15.
Mas, quais os critérios que as equipes e a CBF usaram para escolher a data, se é que o retorno do futebol brasileiro foi feito com base em dados científicos. Ao que parece, o único que foi adotado é o critério econômico, pois tirando Palmeiras e Flamengo, todas as demais equipes necessitam, e muito, de dinheiro entrando na conta. A Coluna Arquibancada lista, a seguir, alguns pontos importantes que ”passaram batido”, e que podem fazer com que o Brasileirão possa nem acontecer na data proposta, ou corra um risco gigantesco de sofrer uma nova paralização, por conta da pandemia:
O primeiro ponto que foi ignorado pelas equipes é extremamente vital para que o campeonato aconteça é a logística, pois os clubes precisam viajar muito e se hospedar em hotéis nas cidades onde jogarão. A pandemia de COVID-19 fez com que muitos aeroportos reduzissem as atividades, realizando pouquíssimos voos. Diversas linhas aéreas foram fechadas, ou estão nem funcionando. Sendo assim, como o Fortaleza, por exemplo, vai viajar até Porto Alegre, para pegar o Grêmio, se não tem nenhuma companhia aérea fornecendo conexão Porto Alegre-Fortaleza e vice-e-versa? Vão ter que fretar voo? O custo operacional dos voos fretados é mais barato ou mais caro que pagar um voo comercial?
E quando a equipe desembarcar na cidade onde irá jogar, ela irá se hospedar aonde? Em algumas cidades, os hotéis estão fechados e não têm condições de abrirem, por decisão dos governos locais. Será oferecido algum CT para abrigar a equipe visitante, caso seja necessário?
E se acontecer de, subitamente, num dia a cidade onde acontecerá o jogo mudar para uma fase mais restritiva, impedindo que a equipe visitante possa retornar para sua cidade natal? Apesar do risco ser pequeno, nunca se sabe, já que a maioria dos Estados está em curva ascendente.
A pandemia de coronavírus está atingindo o Brasil em estágios diferentes, sendo que em algumas capitais a situação já começa a estar sob controle, porém, no interior a situação é gravíssima. Em alguns Estados, como São Paulo, por exemplo, a Secretaria de Saúde já fala que o Estado está no pico da pandemia, sendo que em Belo Horizonte, Curitiba, Goiânia, Brasília, São Luís e Recife, a curva da pandemia voltou a estar ascendente, sendo que o lockdown pode ser adotado em algumas delas. Como as equipes farão para treinar, ou jogar, nessas cidades que estão sofrendo com a pandemia? A CBF autorizou que todos os times possam jogar em outras cidades, mas quais? Qual cidade hoje no Brasil que controlou a pandemia de COVID? E se não tiver nenhuma? A CBF chegou a conversar com os governos locais, pelo visto, não.
Já é certo que a maioria dos Estaduais irá acontecer durante a execução do Brasileirão e Copa do Brasil. Para piorar a situação, a Conmebol PRETENDE (não quer dizer que vai acontecer) que a Libertadores da América, Copa Sul-Americana e Eliminatórias da Copa do Mundo de 2022 aconteçam em Setembro. A CBF e os clubes chegaram a discutir como serão distribuídos todos estes torneios? Teremos uma semana só de Brasileirão e Estaduais e outra de Libertadores, Copa Sul Americana e Copa do Brasil? As pausas para as Datas-FIFA serão mesmo respeitadas, conforme prometido pela própria entidade que comanda o futebol nacional? Os jogadores estão cientes que eles serão submetidos à uma maratona intensa de jogos até Deus sabe quando?
Se a situação já está complicada neste ano de 2020, em termos de calenário, imagine em 2021, véspera de Mundial, Copa América, Olimpíadas, e que provavelmente começará um ou dois meses depois do término do Brasileirão 2020, em Fevereiro ou Março do ano que vem. O que será feito com os Estaduais? Manterão o mesmo formato? Serão reduzidos? Os jogadores terão férias? Teremos pré-temporads?
Bem, neste texto de mais de 900 caracteres, quase 15 perguntas foram feitas e que, para mim, terão a mesma resposta:
NÃO. NÃO terá logística, NÃO terá planejamento, NÃO terá organização. Infelizmente as equipes terão que jogar em cidades com nível de quarentena muito restritiva, nem sabendo onde poderão se hospedar. A tabela dos campeonatos das 4 divisões não poderá ser confirmada com a mínima antecedência possível, pois a pandemia em diversas cidades podem mudar de estágio de uma hora para outra.
O calendário de futebol nacional será uma zona completa e incertamente o Brasileirão, a Copa do Brasil e os Estaduais vão ser pausados para respeitarem os jogos das seleções. Em relação à 2021, aposto o que vocês quiserem que ela não vai começar no mês seguinte ao término do Brasileirão deste ano, dada a falta de bom senso e responsabilidade dos gestores de futebol do Brasil.
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