Em vigor há mais de duas décadas, o rodízio veicular em São Paulo tem como principal finalidade minimizar os congestionamentos diários e melhorar a qualidade do ar na cidade. Implementado em 1997, o sistema foi criado como uma resposta ao crescente número de veículos em circulação, que provocava longas filas de tráfego e aumentava a emissão de poluentes.
O rodízio se aplica a veículos de passeio e caminhões que transitam nas vias do centro expandido da capital paulista, delimitada por grandes avenidas e áreas de maior circulação. A medida restringe a circulação de carros em dias e horários específicos, de acordo com o final da placa do veículo. A proibição é válida de segunda a sexta-feira, das 7h às 10h e das 17h às 20h, horários considerados de pico no trânsito da cidade.
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Objetivo de reduzir congestionamentos
A finalidade primordial do rodízio é diminuir a quantidade de veículos em circulação durante os horários de maior movimento, garantindo um fluxo mais ágil nas vias principais. São Paulo, com cerca de 12 milhões de habitantes e uma frota de veículos que ultrapassa os 6 milhões, enfrenta desafios diários em termos de mobilidade urbana. O rodízio foi uma das estratégias adotadas pela prefeitura para lidar com o problema crescente dos congestionamentos.
De acordo com a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET), a restrição ao trânsito de determinados veículos nos horários de pico tem um efeito direto na redução dos engarrafamentos, já que retira das ruas cerca de 20% da frota em circulação a cada dia. O alívio nas vias não só diminui o tempo gasto pelos motoristas, mas também beneficia o transporte coletivo, que sofre com a lentidão do tráfego em muitos corredores exclusivos.
Melhoria da qualidade do ar
Outro objetivo importante do rodízio veicular é a redução da emissão de poluentes. O trânsito intenso e o elevado número de veículos na cidade contribuem significativamente para o aumento dos níveis de poluição. São Paulo enfrenta há décadas problemas de qualidade do ar, o que impacta diretamente na saúde da população.
Com menos veículos nas ruas, especialmente nos horários mais críticos, há uma diminuição nas emissões de gases poluentes, como o dióxido de carbono (CO₂) e os óxidos de nitrogênio (NOx), que são liberados pelos motores a combustão. Dados da Secretaria Municipal do Verde e do Meio Ambiente indicam que o rodízio contribui, mesmo que de forma modesta, para a redução da poluição atmosférica, tornando-se uma medida complementar a outras ações voltadas à preservação ambiental.
Debate sobre a eficácia da medida
Apesar de seus benefícios, o rodízio veicular é frequentemente alvo de discussões, com o questionamento sobre a real eficácia da medida a longo prazo, que pode não resolver os problemas estruturais da mobilidade urbana e que a expansão do sistema de transporte público deveria ser prioridade. O aumento no número de veículos por família, impulsionado pela restrição, também é um fator apontado como uma consequência negativa da medida, uma vez que alguns cidadãos optam por adquirir mais de um carro para driblar o rodízio.
Além disso, a população também tem se adaptado ao rodízio com o uso de aplicativos de transporte, caronas e, mais recentemente, o crescimento da adesão às bicicletas e patinetes como alternativas sustentáveis para deslocamentos curtos. Entretanto, a dependência de veículos particulares ainda é alta em São Paulo, o que limita a abrangência dos benefícios proporcionados pela medida.
Penalidades e fiscalização
Os motoristas que descumprem o rodízio veicular estão sujeitos a multas e pontos na carteira de habilitação. A infração é considerada de natureza média, com penalidade de R$ 130,16 e quatro pontos no prontuário do condutor. A fiscalização é feita por meio de agentes de trânsito e câmeras espalhadas pelas principais vias da cidade, que monitoram as placas dos veículos.
Futuro do rodízio e novas alternativas
Com o avanço da tecnologia e a mudança nos hábitos de deslocamento, surgem questionamentos sobre o futuro do rodízio veicular em São Paulo. Medidas como a ampliação de ciclovias, a implementação do pedágio urbano e a popularização dos veículos elétricos são apontadas como possíveis soluções para os desafios de mobilidade e sustentabilidade da cidade.
Ainda assim, o rodízio em SP continua a ser uma ferramenta relevante na gestão do trânsito da capital paulista, proporcionando, mesmo que de maneira limitada, uma melhora no fluxo viário e na qualidade do ar. A busca por alternativas mais eficientes e sustentáveis segue como um desafio para a administração pública e para a população paulistana, que convive diariamente com os efeitos do trânsito caótico.
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