Projeto do governo contra facções pode abrir caminho de intervenção do EUA no Brasil

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Projeto Do Governo Contra Facções Pode Abrir Caminho De Intervenção Do Eua No Brasil

O Projeto de Lei 1.283/2025, que propõe classificar facções criminosas como organizações terroristas, está prestes a ser votado na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara. A proposta ganhou força após uma operação policial no Rio de Janeiro que resultou na morte de 121 pessoas. Especialistas em segurança pública e relações internacionais alertam que a medida pode ter implicações geopolíticas graves, especialmente ao alinhar o Brasil à política externa dos Estados Unidos.

Diferença entre crime organizado e terrorismo

Segundo juristas como Walter Maierovitch, o crime organizado tem fins lucrativos, enquanto o terrorismo possui motivações políticas. A doutora Rashmi Singh, da PUC Minas, reforça que confundir os dois conceitos pode legitimar ações militares sem respaldo legal, como ocorreu na invasão do Iraque em 2003 e em ataques recentes no Caribe.

Influência dos EUA na América Latina

Desde que o presidente Donald Trump classificou cartéis como terroristas por meio da Ordem Executiva 14157, os EUA têm ampliado sua presença militar na região. Países como Peru, Equador e Argentina já autorizaram bases norte-americanas em seus territórios. No Brasil, aliados de Trump, como o governo de Javier Milei, defendem a mesma classificação para facções como PCC e Comando Vermelho.

Especialistas apontam que rotular facções como terroristas pode justificar ações militares externas, como ataques com mísseis, prisões sem julgamento e pressão diplomática. Singh destaca que países europeus evitam essa classificação justamente para não abrir espaço para interferência estrangeira.

O ministro da Justiça, Ricardo Lewandoviski, rejeita a equiparação, afirmando que o terrorismo envolve ideologia e repressão política, enquanto as facções atuam com base em crimes previstos no Código Penal. A fala ocorreu após reunião com o governador do Rio, Cláudio Castro, que defende o termo “narcoterrorismo”.

A proposta surge em meio a tensões envolvendo a família Bolsonaro. Flávio Bolsonaro comentou postagem de um secretário norte-americano sugerindo intervenção militar no Brasil. Eduardo Bolsonaro foi denunciado por tentar intimidar o STF, enquanto o ex-presidente Jair Bolsonaro foi condenado por tentativa de golpe.

A votação do PL 1.283/2025 pode redefinir o tratamento jurídico das facções no Brasil e influenciar diretamente a política de segurança pública e as relações internacionais do país.