
Hoje vamos falar brevemente sobre o fundador de Mairinque, o Conselheiro Francisco de Paula Mayrink. É de suma importância manter viva a história da cidade, bem como levar conhecimento às gerações atual e futura.
Com o passar do tempo, as relevantes biografias de pessoas que contribuíram para o desenvolvimento regional caíram no esquecimento e simplesmente jazem com o próprio corpo, o que tristemente empobrece a cultura local. Em Mairinque, assim como em tantas outras cidades do interior, percebo que há pouca, ou quase nenhuma, preservação de suas próprias histórias — tampouco das biografias de seus ilustres cidadãos. Por exemplo: sua rua tem um nome, mas você sabe a história por trás dele?
Em outubro de 2025, completam-se 43 anos do translado do corpo do fundador do município de Mairinque, o Conselheiro Francisco de Paula Mayrink — banqueiro, empresário, político e presidente da extinta Companhia Estrada de Ferro Sorocabana — que deu origem à antiga vila de operários “Vila Mayrink”. Mas quem foi Mayrink? Inaugurando esta coluna, trago um pouco de sua biografia, uma verdadeira história de Mayrink para Mairinque — quem sabe, um ponto de partida para resgatar tantas outras histórias interessantes.
Francisco de Paula Mayrink nasceu no Rio de Janeiro, em 8 de dezembro de 1839, filho do camarista José Carlos Mayrink e de Maria Emília Teixeira Bernardes, e irmão do Visconde Mayrink e de Clara Margarida.
Era um menino muito esperto, que desde cedo já trabalhava em uma loja de fazendas de um comerciante local. Seu pai o enviou para a Escola Militar de Porto Alegre, mas, dois anos depois, ele abandonou a carreira militar e foi estudar na Escola Politécnica do Rio de Janeiro.
O jovem Mayrink decidiu abandonar os estudos e ingressou como escrevente em uma instituição financeira da qual seu pai fora um dos fundadores: o Banco Comercial do Rio de Janeiro. Ali encontrou sua vocação para os assuntos financeiros, ascendendo rapidamente na hierarquia do banco e sendo eleito diretor em 1876.
Seu destaque dentro da instituição foi tão grande que não demorou para ser notado por financistas e empresários influentes. Foi então chamado para salvar a Estrada de Ferro Sorocabana (EFS), que já se encontrava em intenso declínio financeiro, causado pelos altos investimentos feitos pelo então presidente demitido, Luís Matheus Mailasky.
Ao assumir a companhia ferroviária, em 15 de maio de 1880, realizou uma ampla auditoria interna. Convencido de que o café poderia levar a ferrovia ao sucesso, decidiu expandir os trilhos na direção de Botucatu, atingindo as regiões cafeeiras e chegando até Assis — onde instalou oficinas — além de incorporar a Estrada de Ferro Ituana.
A companhia presidida por Mayrink logo iniciou a construção de um entroncamento ferroviário em uma fazenda adquirida de Manuel da Costa Nunes, o Manduzinho. O projeto, desenvolvido pelos engenheiros da ferrovia, previa uma estação-ilha para interligar as linhas vindas de Itu e Sorocaba, além da promissora linha que seguiria até Santos. Com isso, a empresa reservou áreas para suas futuras oficinas e loteou o entorno, inicialmente para abrigar seus operários.
Em 27 de outubro de 1890, a companhia fundou, às margens da Estrada de Ferro Sorocabana, uma pequena vila. Apenas em 1897, com a inauguração da linha para Itu, a estação recebeu o nome de Mayrink, em homenagem ao presidente da EFS. Assim, “Vila Mayrink” passou a ser como ficou conhecida a pequena vila de operários.
Mas Francisco era um grande empreendedor e não se limitou à EFS. Dirigiu a Companhia de Colonização Agrícola, foi acionista majoritário da Companhia Frigorífica, do Moinho Fluminense, da Empresa Açucareira de Pernambuco, da Estrada de Ferro Bahia e Minas, da Estrada de Ferro Santos–Jundiaí, da Companhia Brasileira de Navegação e de várias empresas de bondes no Rio de Janeiro e em São Paulo.
Ele também foi acionista em obras públicas no Rio e em Santos, em mineradoras de Minas Gerais, em uma fábrica têxtil em Sorocaba, foi diretor do Lloyd Brasileiro, fundou o Banco de Crédito Real Misto e criou a Companhia Grande Hotel Internacional.
Além disso, foi proprietário do Palácio do Catete, vice-presidente do Clube de Engenharia, fundador benemérito da Sociedade Brasileira de Geografia, cônsul do Chile e fundador da coleção do Museu Paulista.
Com tantos negócios consolidados, Mayrink tornou-se dono de uma das maiores fortunas do Brasil na época. Muitos foram os empreendimentos criados por ele, que, além de lhe proporcionarem riqueza, levaram progresso a diversas localidades dos estados do Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais e até do Nordeste.
Em 1884, casou-se com Maria José Paranhos, filha do Visconde do Rio Branco e viúva de seu primo-irmão, filho da Marquesa de Itamarati. Ingressou na política, sendo deputado da primeira Assembleia Constituinte da República, onde protagonizou grandes embates com seu rival, o Conde de Figueiredo — discursos esses registrados na história do parlamento nacional.
Os jornais O Globo e O País foram criados por iniciativa do Conselheiro, sendo ele um dos fundadores e proprietários. Também possuía uma vasta área na Floresta da Tijuca, onde se localiza a famosa “Capelinha Mayrink”, cenário de gravações, programas, novelas, batizados e casamentos. Mayrink morava em um rico palacete na atual Rua General Canabarro, no bairro carioca de São Cristóvão.
Apenas um dia após a Proclamação da República, em 16 de novembro de 1889, Mayrink foi preso, junto com outras pessoas influentes, sob a acusação de apoiar a restauração da monarquia no Brasil, mas foi libertado no mesmo dia. O Conselheiro faleceu em 31 de dezembro de 1906, e seu corpo foi sepultado no Cemitério São Francisco Xavier, no Rio de Janeiro.

Jornalista com mais de 9 anos de experiência, estudou na faculdade ESACM, e trabalhou no jornal impressos O Democrata, com circulação na região de São Roque, interior de São Paulo, bem como trabalhou na televisão, na REDETV em Osasco, sendo produtor do RedeTV News, trabalhou por um período no São Roque Notícias em 2011, e fundou o popular jornal Correio do Interior em 2016. Em 2020 tornou-se correspondente do Metrópoles no interior de São Paulo. Ainda em 2020 foi convidado pelo Google Brasil a participar do Google News Initiative (GNI) para aprimorar-se em boas práticas do jornalismo digital. Como jornalista é especialista em assuntos de vagas de trabalho, noticias locais e conteúdos de editoria regional e policial.




