15 de abril de 2020 - Atualizado: 15 abr 2020 às 10:09
Médicos alertam que pessoas fumantes correm mais risco de contrair coronavírus. Pneumologistas alertam que o fumo aumenta o risco de se contrair a doença, até de uma forma mais grave.
De acordo com Fernando Didier, pneumologista do Hospital do Coração, os fumantes tendem a tocar mais as mucosas nasais, boca e olhos, o que pode ser a porta de entrada para o vírus: “Além disso, como há uma expiração forçada após uma inspiração profunda acredita-se que possa haver maior propagação de partículas virais, inclusive nas grandes ‘nuvens’ produzidas pelos vaporizadores”.
Jose Miguel Chatkin, presidente da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia, informa que os riscos de uma pessoa contrair a doença, de uma forma mais grave, é maior, se ela for fumante: “Os fumantes são mais vulneráveis a vírus respiratórios que os não fumantes, sendo o risco de infecção grave por Influenza duas vezes maior nos fumantes. Os quadros clínicos também são mais graves. Além disso, no surto pelo coronavírus MERS-CoV , de alguns anos atrás, os fumantes tiveram taxas de mortalidade maiores que os não fumantes. Como são vírus muito semelhantes, é possível que as consequências sejam muito similares.”
A ação da maconha e do tabaco é nociva às células respiratórias, podendo causar inflamação dos alvéolos pulmonares. Didier explica que a inflamação prejudica o sistema de defesa dos pulmões para combater a entrada de vírus respiratórios, e ainda provoca o aumento de tosse e secreção nasal: ”Com a repetição da exposição, o dano vai ficando permanente, inclusive com destruição completa dos alvéolos, levando ao enfisema e à inflamação crônica dos brônquios e a bronquite crônica com dano irreversível. Além disso, a fumaça pode levar à mutações nas células que facilitam o desenvolvimento de câncer”.
Chatkin alerta que fumantes ativos correm risco altíssimo de parar no hospital, em estado muito grave, por conta da COVID-19: ”Estes achados são nitidamente dose-dependente, isto é, quanto maior o número de cigarros fumados por dia e por maior número de anos, maior a probabilidade de surgirem estas doenças”.
O cigarro eletrônico também pode fazer mal à saúde, embora ainda a sua relação com o aumento de casos graves de COVID ainda precise ser analisada: ”Extrapolando o que já conhecemos dos outros vírus e dos milhares de estudos com cigarro convencional sabemos que muito provavelmente o cigarro eletrônico pode estar envolvido em diversos desfechos graves em jovens americanos durante a atual pandemia. Jovens esses que antes eram classificados como sem doença crônica e fora de grupos de risco. Dados brasileiros sobre isso ainda não foram elaborados.”
Chatkin explica todo o prejuízo causado pelo cigarro eletrônico: “As partículas ultrafinas liberadas pelo cigarro eletrônico, por serem muito menores do que as liberadas pelos cigarros tradicionais, favorecem danos iguais ou maiores que os dos cigarros combustíveis.”. Outras drogas mais pesadas podem causar uma letalidade ainda maior do que o tabaco em si.
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