Ex-vereador de São Roque, Cabo Jean é denunciado por promover ato racista

Ex-Vereador De São Roque É Denunciado Por Promover Ato Racista

A Câmara Municipal de São Roque abriu um procedimento para investigar uma denúncia de racismo envolvendo o ex-vereador Rogério Jean da Silva, conhecido como Cabo Jean. A denúncia foi protocolada em 14 de dezembro de 2024 e analisada na primeira sessão ordinária de 2025, realizada na última terça-feira (4). O ex-parlamentar alega que sua fala foi tirada de contexto e nega qualquer conotação racista.

Entenda o caso

O episódio ocorreu em 10 de dezembro de 2024, durante uma sessão da Câmara. Em meio a um debate com o vereador Guilherme Nunes (PSD), Rogério Jean da Silva utilizou a expressão “suas negas”, o que gerou repercussão e levou ao protocolo da denúncia.

O vereador Guilherme Nunes repudiou a fala e defendeu uma investigação rigorosa.

“Expresso meu total repúdio a qualquer tipo de conduta e fala racista. Vereadores devem ser exemplo em promover o diálogo, respeito e igualdade, sobretudo no ambiente institucional da Câmara. Espero que a denúncia seja apreciada com total rigor e haja punição exemplar”, ressalta Guilherme Nunes.

Tramitação da denúncia

O pedido de investigação foi aprovado por nove votos a favor e quatro contrários. A Câmara informou que o processo seguirá o rito previsto no artigo 5º do Decreto-Lei nº 201/1967, que trata de infrações político-administrativas cometidas por vereadores.

A denúncia alega que o ex-parlamentar violou a dignidade e o decoro do cargo, o que pode resultar na cassação de seu mandato. Para que isso ocorra, é necessário um quórum qualificado de dois terços da Câmara, ou seja, 10 votos entre os 15 vereadores. Caso seja condenado, ele pode perder os direitos políticos e se tornar inelegível.

A Comissão Processante iniciará os trabalhos nos próximos dias, e o prazo para a conclusão do processo é de 90 dias.

O que diz a denúncia

A denúncia foi assinada por Vivian Delfino Motta, Rodrigo Umbelino da Silva e pelo vereador Paulo Juventude (REDE). O documento aponta que a fala do ex-vereador teve cunho racista, discriminatório e ofensivo, além de reforçar práticas discursivas que perpetuam a violência contra mulheres negras.

“O termo ‘suas negas’ reitera uma visão pejorativa que desumaniza a mulher negra, sugerindo que ela pode ser tratada como propriedade ou sem respeito”, argumenta a denúncia. O texto ainda afirma que a fala é inadmissível e fere princípios fundamentais da Constituição Federal.

Além da tramitação na Câmara, o caso também está sendo analisado pelo Ministério Público do Estado de São Paulo (MPSP). Em nota, o órgão informou que encaminhou a denúncia à Delegacia de Polícia de São Roque com um pedido de instauração de inquérito policial. Até o momento da publicação desta reportagem, a Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo (SSP) não confirmou se o inquérito já foi aberto.

Defesa do ex-vereador

Em sua defesa, Rogério Jean da Silva afirmou que sua fala foi retirada de contexto e atribuiu a denúncia a uma perseguição política.

“A minha fala foi tirada do contexto. Estou sofrendo perseguição do vereador Paulo Juventude e de Guilherme Nunes porque fui contra a aprovação do 13º salário deles, contra o pagamento de um terço de férias e contra a flexibilização da presença em sessões extraordinárias. Estão distorcendo minhas palavras para criar um fato político”, declarou.

Ele também reforçou que não teve a intenção de ofender e que sua fala foi dirigida exclusivamente ao vereador Guilherme Nunes. “Eu quis dizer que ele não tem responsabilidade nem com a própria vida, quanto mais como vereador. Não sou racista. A minha fala precisa ser analisada dentro do contexto real e não da forma como estão apresentando”, afirmou.

A Câmara seguirá com a investigação para apurar o caso e definir se haverá punição ao ex-vereador.