28 de junho de 2022 - Atualizado: 08 ago 2022 às 16:03
Os promotores de Justiça do GAECO – Ministério Público, destacaram ao Correio do Interior, detalhes da Operação Nerthus, realizada em Cotia na grande São Paulo, que envolve o sobrinho do Prefeito de Mairinque.
Gustavo Gemente, secretario de meio ambiente em Cotia foi apontado pelo MP como integrante de um esquema com organização criminosa.
O procuradores de Justiça José Carlos Cosenzo e Roberta Ferrante, deram detalhes da operação que resultou em outras prisões.
De acordo com Roberta Ferrante, a investigação estava sendo feita há um ano e meio e teve origem em outra operação do Gaeco, a Operação Fast Track, deflagrada em novembro de 2020, quando se identificou e desarticulou uma parte da facção PCC.
“Com base em elementos que foram colhidos durante a investigação, foi possível identificar o braço da organização criminosa, que teria um outro negócio paralelo, a questão da implantação de loteamentos clandestinos e também crimes de corrupção que estariam por trás disso tudo”, destacou.
Com base nesses elementos, a investigação foi aprofundada e conseguiu identificar uma organização criminosa que atua no Parque das Nascentes desde 2018. “Estão articulados, tem um núcleo jurídico, um núcleo político e um núcleo de comercialização. Além disso a comercialização dos lotes era feita até mesmo com imobiliárias.
Segundo a promotora, eles se aproveitaram da pandemia, quando as fiscalizações acabaram afrouxando por conta da situação e avançaram ainda mais com o desmonte ambiental no local. “Com apoio da Polícia Ambiental, que ajudou muito com o trabalho de inteligência e de informações, a gente foi aprofundando e isso culminou na operação de hoje”, relatou.
A promotora informou que houve dez mandados de prisão e 19 de busca e apreensão. Dentre os alvos nós tínhamos três secretários municipais de Cotia: o de Habitação, o de Meio Ambiente e o de Negócios Jurídicos.
Eles foram alvo apenas de busca e apreensão, não de prisão. Os alvos de prisão foram alguns advogados, corretores, um dono de cooperativa, um policial militar e um policial civil.
Os secretários mencionados são o vereador Sergio Folha (Habitação), Gustavo Fernando Gemente Nascimento (Meio Ambiente) e Vitor Marques (Assuntos Jurídicos).
“Identificamos elementos para o pedido de busca e apreensão. A princípio verificamos que há indícios que eles estariam envolvidos no pagamento de propina, em contrapartida ao favorecimento de informações e afrouxamento de atuações do poder público na fiscalização”, disse a promotora.
Sobre os dez mandados de prisão preventiva, foram cumpridos seis. “Foram presos uma estagiária de direito de uma imobiliária; um policial militar, um policial civil, um corretor, uma parente de um dos envolvidos além de um indivíduo preso em flagrante com um simulacro de arma”.
Sobretudo 110 Policiais Militares e 38 viaturas estiveram na ação. Além disso a operação teve mandados de prisão de seis investigados, além da apreensão de R$200 mil, chips de celulares, smartphones, notebooks, e pen-drives.
Sobretudo as investigações vão continuar, e a operação teve a intenção de buscar elementos mais evidentes da organização, bem como saber o modo de atuação de cada um.
“Um dos indivíduos se utilizava de um intermediário para fazer o pagamento de propina aos agentes políticos. O pagamento dos policiais era feito por meio de advogados”, relatou a promotora.
A grande estratégia era não atuarem no local e não registrarem ocorrências, além de terem informações privilegiadas sobre equipes na área, possibilitando o desmatamento.
Contudo todo material da investigação, há menções de pagamentos de R$200 mil, de R$ 3 mil, e várias anotações relacionadas à propina.
Enfim os promotores informaram que o grupo em geral fazia a venda dos lotes, e pagava propina aos secretários e demais associados.
Por fim os tinham valor entre R$10 à 20 mil. Enfim segundo o levantamento do setor técnico do MP, eles já teriam faturado cerca de R$124 milhões.
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